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09/11/2016
Escrito por:Juliana Silveira
Inspira – projeto Bonne Chance

Bateu aquela vontade de fazer a diferença, de colaborar com algum projeto bacana e deixar esse mundão mais feliz?

 

 

Inspira – projeto Bonne Chance

E enquanto cidadãos nascidos para viajar, qual é o nosso papel social? Como podemos melhorar a sociedade na condição de apaixonados pelo planeta? Quantas oportunidades temos de protagonizar boas mudanças? Se você também já fez algum desses questionamentos, nós estamos juntos nessa. \o/

 

Sabemos que pequenas atitudes podem causar grandes transformações, não é? 🙂

 

A resposta pode estar muito perto de você. De repente na rua da sua casa ou no caminho do seu trabalho. Às vezes, basta olhar para o lado com bastante carinho e empatia. Quem sabe a resposta pode estar até mesmo num singelo e educado bom-dia ou bonjour?

 

 

 


Foi assim que nasceu o lindo Bonne Chance. Um projeto que surgiu para ser um pequeno encontro entre amigos para a prática de francês e hoje já está transformando vidas de imigrantes africanos e alunos brasileiros em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

 

Vem se inspirar. E vale até se emocionar!

 

Vem com a gente e Bon Voyage!

 

 

 

Inspira – projeto Bonne Chance

 

 

Olhar para o lado com empatia e generosidade pode ser o caminho para grandes transformações

 

 

 

Quantos brasileiros você conhece que migraram para outros países em busca de novas oportunidades? Estados dos Unidos, Canadá, países da Europa, Austrália… Os destinos são os mais variados. O fato é que sempre tem um compatriota mundo afora.

 

O mesmo acontece aqui no Brasil. Não é difícil andar pelas ruas das principais cidades do nosso país e cruzar com vários imigrantes africanos. Vindos de países como Gana, Senegal e Costa do Marfim, os refugiados buscam aqui uma vida melhor do que a que levavam em seus países de origem.

 

Enfrentado barreiras culturais, dificuldades com a língua, preconceitos e, geralmente, em condições de subemprego, os estrangeiros encaram as situações mais adversas e o sonho de alcançar conforto, tranquilidade e segurança nem sempre é fácil.  

 

E foi com este olhar, de empatia, de generosidade e humanidade, que nasceu o projeto Bonne Chance, em Porto Alegre.

 

 

 

Inspira – projeto Bonne Chance

Inspira – projeto Bonne Chance

 

 

Caminhando pela capital gaúcha, a socióloga e jornalista Ana Emília Cardoso observou um senhor cumprimentar um imigrante que estava trabalhando como vendedor ambulante com um cordial bonjour (bom dia, em francês). Pronto: dali nasceu a ideia de juntar algumas amigas para praticarem francês com um professor africano que falasse o idioma, num encontro descontraído e cultural. Se a proposta parasse por aí já seria muito legal, não é?

 

Ana Emília procurou ajuda da amiga Marjorie Hattge, Relações Públicas e professora de inglês, para juntas colocarem o plano em prática. Criaram uma página no Facebook em busca dos candidatos às aulas, professores e alunos. A grande e grata surpresa foi o número de interessados: mais de 3 mil fizeram contato a fim de aprender francês com os refugiados. <3

 

Voilà! A partir daí, selecionaram e treinaram os professores e, desde outubro, as aulas estão em pleno vapor. Além do aprendizado da língua, os alunos ainda têm a troca cultural. Sensacional, né? 


O Boa Sorte (carinhosamente traduzindo para o português) é um verdadeiro intercâmbio entre Brasil e África, África e Brasil.

 

 

 

 

 

O Bom de Viajar: O Bonne Chance nasceu com a proposta inicial de reunir poucas pessoas (um grupo de amigos) com imigrantes africanos falantes de francês para a prática do idioma e troca cultural, numa espécie de aula ou bate-papo. Assim, bem informal mesmo. Qual foi a surpresa de vocês pelo grande número de pessoas interessadas nesses encontros? Essa grande procura fez com que vocês tivessem que mudar tudo, certo?

 

Ana Emília Cardoso: Nunca imaginei que existisse tanta gente querendo aprender francês. E tampouco que tivesse tanta gente querendo ajudar refugiados e imigrantes. Criamos uma página no Facebook para organizar duas turminhas. Quando éramos otimistas, pensávamos em 20 alunos. Em poucos dias apareceram mais de 2 mil interessados e nós encaramos o desafio.

 

 

Bomde: Existe o aprendizado do idioma em si e, ao mesmo tempo, o intercâmbio de informações sobre a África e o Brasil. Como a integração cultural está transformando a vida dos imigrantes e também dos brasileiros?

 

Ana: Ainda é cedo para avaliar. Notamos um carinho muito grande dos alunos pelos nossos professores. Quanto ao “corpo docente” estão muito felizes e animados. Sem dúvida, a barreira da invisibilidade e do preconceito já foi quebrada.

 

 

 

Inspira – projeto Bonne Chance

Inspira – projeto Bonne Chance

 

 

Bomde: Hoje são quatro professores, vindos do Senegal e Costa do Marfim. A expectativa é ampliar esse número para atender mais alunos e também auxiliar mais refugiados?

 

Ana: Sim, a ideia é expandir o projeto. E capacitar os professores para que eles capacitem novos professores, para que deem aula por Skype e em empresas, por exemplo.

 

 

Bomde: Qual foi a maior motivação para a criação do projeto?

 

Ana: Num primeiro momento, eu queria ajudá-los e queria aprimorar meu francês. Depois, percebi que o projeto tinha uma abrangência maior. Agora queremos que eles sintam-se seguros para dar mais aulas, ganhar mais dinheiro e ter um trabalho no qual possam usar seus saberes adquiridos na África. Algo engrandecedor, diferente do que fazem nas calçadas, frigoríficos e postos de gasolina. Eles têm muita bagagem cultural, têm muita coisa para nos ensinar.

 

 

 

Inspira – projeto Bonne Chance

Inspira – projeto Bonne Chance

 

Inspira – projeto Bonne Chance

Inspira – projeto Bonne Chance

 

 

Bomde: E você já viveu alguma experiência parecida fora do Brasil? Fez algum intercâmbio ou viveu alguma situação em que foi fundamental o apoio de alguém local?

 

Ana: Não. Tenho consciência dos meus privilégios de cor e classe e nunca contei com ajuda, nem morei fora do Brasil. Li, certa vez, numa revista da ONU, que há iniciativas semelhantes em Berlim. Faço parte de um coletivo feminista, onde há redes de apoio horizontais. É este formato que nos rege. Quando algum aluno fala em doar roupas para os professores, não aceitamos. Nosso projeto não é assistencialista. Queremos transformar mesmo a vida deles, não ajudá-los num momento.

 

 

Bomde: Pessoas de outras partes do país têm procurado vocês para saber como implementar o modelo em suas regiões, com isso, surgiu a ideia de criar uma cartilha digital para orientar quem quer ser um empreendedor social, certo? Conta pra gente, quais são os próximos passos do Bonne Chance?

 

Ana: Bem isso. Recebemos pelo Facebook muitas mensagens de pessoas que querem replicar nosso projeto. Estamos documentando o passo a passo. Queremos reunir essas pessoas em Porto Alegre para mostrar o documentário, bater um papo e esclarecer as dúvidas. É tão maravilhoso isso, pensar que uma ideia tão simples pode gerar frutos por todo o país.

 

 

Inspira – projeto Bonne Chance

 

Intercâmbio cultural, conhecimento e uma real oportunidade de mudanças para os imigrantes só pode ser muito inspirador.

 

Por mais Anas e Marjories por aí! Somos todos cidadãos do mundo. Atitudes positivas e gestos de empatia são sempre bem-vindos.

 

Créditos das imagens: Alecsander Portilio

 

Até o próximo Inspira. <3